quarta-feira, 21 de julho de 2010

Tipos de Neuroses

Neurose histérica:

A neurose histérica, ou simplesmente histeria, caracteriza-se pela existência de alterações transitórias da consciência, tais como períodos de amnésia ou perda de memória, e por diversas manifestações sensitivas ou motoras, igualmente passageiras e perturbadoras, tais como tiques, perda da sensibilidade cutânea, paralisia dos membros, cegueira ou convulsões.

O problema, muito mais frequente nas mulheres do que nos homens, costuma afectar pessoas com personalidade histérica, ou seja, uma personalidade caracterizada por uma forte tendência para ser o centro das atenções, para seduzir e sensualizar as reacções afectivas e sociais, teatralizar os conflitos e manipular ou confundir a realidade. Um outro traço importante deste tipo de personalidade é um evidente poder de auto-sugestão, o que torna estes indivíduos vulneráveis e dependentes nas relações pessoais, podendo perturbar-lhes as suas percepções sensoriais.

Por outro lado, do ponto de vista psicológico, considera-se que a histeria possa ser provocada por conflitos vividos ao longo da infância, os quais tenham sido reprimidos e posteriormente esquecidos, mas que são, alguns anos mais tarde, inconscientemente activados perante determinadas situações. De acordo com esta perspectiva, estas manifestações também poderiam provocar um efeito secundário benéfico ao paciente, pois desta forma poderiam conseguir iludir certas responsabilidades ou receber mais atenção das pessoas que o rodeiam.

Manifestações. A histeria permite vários tipos de manifestações psíquicas e físicas que se costumam evidenciar sob a forma de episódios passageiros. As manifestações mentais mais comuns são os episódios denominados acidentes psíquicos, de perdas da memória de uma determinada época da vida, de situações de multiplicação da personalidade, de estados de sonambulismo, de crises de perda da consciência e de alucinações. As manifestações físicas, sob a forma de episódios designados acidentes somáticos, podem afectar o funcionamento de todos os órgãos ou sistemas e correspondem a fenómenos tão diferentes como perdas da mobilidade ou contraturas musculares de um membro, crises de dor abdominal, estados de cegueira passageira ou perdas da sensibilidade cutânea.

Evolução. Embora a personalidade histérica seja crónica, por definição, a neurose histérica não se costuma prolongar por muitos anos, excepto nalguns casos em que predominam as manifestações físicas.

 

 

 

Neurose obsessiva:

A neurose obsessiva caracteriza-se pela presença e persistência de uma série de ideias fixas e obsessivas, receios injustificados e actos compulsivos que, em conjunto, se tornam irracionais, constantes e muito difíceis de controlar. Este tipo de neurose, mais frequente nos homens, costuma afectar indivíduos com uma personalidade obsessiva, caracterizada por uma grande propensão para questionar as coisas, por grande insegurança pessoal e pelo recurso a várias superstições. Para além disso, constatou-se que uma educação em que se valoriza em excesso a moral, a ordem e a higiene também pode constituir uma predisposição ao provocar o desenvolvimento de um forte sentimento de culpa. Por outro lado, a doença é frequentemente desencadeada por conflitos afectivos, sociais ou profissionais que acentuem o carácter obsessivo do indivíduo.

Manifestações. É possível distinguir três tipos de manifestações.

As ideias obsessivas caracterizam-se por serem injustificadas, constantes e atormentadoras. O conteúdo é muito variável: temas religiosos, de natureza física ou espiritual, metafísicos, a preocupação pela proporção e ordem das coisas, o decorrer do tempo... Em qualquer caso, o que mais sobressai nestas ideias é a predominância da dúvida em detrimento das respostas e soluções práticas.

Os receios obsessivos, igualmente injustificados e persistentes, podem manifestar-se após qualquer situação interpretada como sinal de mau augúrio, como é o caso de uma pequena ferida que pode infectar, agravar, provocar uma doença grave, pôr em perigo a vida...

Os actos compulsivos consistem em rituais complexos, elaborados e supersticiosos, realizados com o intuito de prevenir situações de perigo, e consistem em excessivas verificações, em lavar as mãos com uma frequência exagerada ou realizar sistematicamente vários gestos ao passar por um determinado sítio.

Evolução. Caso as manifestações sejam ligeiras e desencadeadas por circunstâncias pontuais, o prognóstico costuma ser favorável. Por outro lado, quando as ideias, receios e actos obsessivos são intensos, podem captar toda a energia do paciente, perturbando progressivamente a realidade pessoal.

 

O que é Neurose?
A palavra "neurótico", da maneira como costuma ser usada hoje, tem sentido impróprio e pode ser ofensivo ou pejorativo. Pessoas que não entendem nada dessa parte da medicina podem usar a palavra "neurose" como sinônimo de "loucura". Mas isso não é verdade, de forma alguma.

Trata-se de uma reação exagerada do sistema nervoso em relação a uma experiência vivida (Reação Vivencial). Neurose é uma maneira da pessoa SER e de reagir à vida. A pessoa É neurótica e não ESTÁ neurótica.
Essa maneira de ser neurótica significa que a pessoa reage à vida através de reações vivenciais não normais; seja no sentido dessas reações serem desproporcionais, seja pelo fato de serem muito duradouras, seja pelo fato delas existirem mesmo que não exista uma causa vivencial aparente.

Essa maneira exagerada de reagir leva a pessoa neurótica a adotar uma serie de comportamentos (evita lugares, faz atitudes para alívio da ansiedade... etc).

O neurótico, tem plena consciência do seu problema e, muitas vezes, sente-se impotente para modificá-lo.
Exemplos:
1 - Diante de um compromisso social a pessoa neurótica reage com muita ansiedade, mais que a maioria das pessoas submetidas à mesma situação (desproporcional). Diante desse mesmo compromisso social a pessoa começa a ficar muito ansiosa uma senana antes (muito duradoura) ou, finalmente, a pessoa fica ansiosa só de imaginar que terá um compromisso social (sem causa aparente).
2 - Num determinado ambiente (ônibus, elevador, avião, em meio a multidão, etc) a pessoa neurótica começa a passar mal, achando que vai acontecer alguma coisa (desproporcional). Ou começa a passar mal só de saber que terá de enfrentar a tal situação (sem causa aparente). 

 

A neurose fóbica trata-se de um quadro caracterizado pelo medo de determinados lugares, objectos ou situações, que determinam uma série de condutas de insegurança e evitamento.

Os sintomas predominantes são uma sensação de evitamento, o permanente estado de alerta e a atitude de fuga.

A exposição ao estímulo, ou simples visualização mental do mesmo, desencadeia no sujeito um temor expresso e persistente, excessivo e irracional.

As situações fóbicas são evitadas ou suportadas à custa de uma intensa ansiedade ou mal-estar emocional.

Os comportamentos de evitamento e o mal-estar provocado interferem na vida normal da pessoa, ao nível dos seus relacionamentos laborais e sociais.

A prevalência é maior em doentes psiquiátricos (cerca de 20%), quando comparada com a população geral (cerca 1%), sendo mais frequente em indivíduos do sexo feminino.

As fobias mais comuns são a agorofobia (medo de permanecer em lugares públicos), ao que se seguem as fobias sociais (temor de situações em que há uma exposição pública a pessoas não familiares), e por fim, não menos importantes, as fobias a animais.

A fobia ao sangue constitui um grupo especial, normalmente aparece na infância e pode ter incidência familiar.

Quando o sujeito se encontra afastado do estímulo, normalmente não apresenta sintomas.

A agorofobia é a fobia mais incapacitante de todas, pode mesmo chegar a impedir o paciente de sair de casa, entrar em lojas, viajar sozinho... Normalmente estes doentes reduzem ou superam os seus medos na presença de alguém em quem depositam grande confiança. Em fases avançadas da doença pode acontecer que venham a desenvolver síndromes depressivos e a abusar de álcool e drogas.

É bastante conhecido o ‘medo de falar em público’ que muitas pessoas relatam. Quando se trata de uma situação de evitamento generalizada, chegando a interferir com o relacionamento laboral ou social, pode dizer-se de que estamos perante um caso de fobia social.

Em clínica considera-se que indivíduos com certas características têm uma maior predisposição para desenvolver quadros deste género. Inibição, hiperemotividade e comportamentos alterados constituem algumas referências na personalidade neurótica.

Não se pode determinar se é devida a influências genéticas ou factores ambientais, sabe-se apenas que estas duas determinantes se encontram confluentes num mesmo indivíduo que padece desta doença.

Ao nível do tratamento, aos psicofármacos normalmente associa-se uma terapia psicológica de dessensibilização, em que o doente vai sendo exposto progressivamente ao objecto que lhe causa essa incapacidade flutuante. Para além disso, as técnicas cognitivo-comportamentais ‘ensinam’ o sujeito a vencer os comportamentos de evitamento que tanto acondicionam a sua vida.

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